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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Hard Core, um estilo sem dono e que quem menos tem a ver se diz dono


O que aconteceu com o termo Hard Core? Virou um tipo de aba de boné? Uma maneira de usar bermuda? Ou ainda um andamento de base de guitarra e bateria? Para ser Hard Core tem que ter tatuagens?
Que confusão isso, não?
Não sou dono de verdade alguma. O termo não é meu, e nem o criei! Mas, acho estranho pessoas que se dizem tocar em "bandas de Hard Core" (ou seja, a banda É DE e não É Hard Core) militando por partidos políticos, defendendo candidatos e participando de campanhas, comitês e estas coisas.
Lembro que cresci aprendendo e vivendo que o Hard Core é um estado de espírito, é um sentimento ácido e incorruptível de contestação constante. Aprendi que o Hard Core veio do Punk, e que o Punk usa moicano por ser um guerreiro, assim como os índios que são escolhidos para a guerra, porque o Punk está em constante guerra social. Hoje moicano é o corte do Neymar. Virou algo comum e sem conotação nenhuma!
Hoje se mostrar revoltoso com o atual momento em que vive o planeta é ser ofensivo, é ser errado, é ser louco, é ser visionário de uma utopia, porque nada vai mudar... é o velho "fazer o que? Não podemos fazer nada mesmo!"
Perdeu-se o sentido das coisas e qualquer engraçadinho se diz no direito de achar que tem um "visual Punk ou HC". Caiu-se nas artimanhas do Sistemão e com isso, o HC está virando, ou já virou, algo sem ameaça, sem medo. Parece que a maioria é formada de pseudos, que se dizem os donos da verdade!
Onde está a contestação, a insatisfação, a união em prol de um mundo melhor, mas com o luto social, não com estas fantasias que mais parecem roupas de palhaços mauzinhos?
Me perdoe, mas não reconheço militantes de partidos e defensores de políticos como Hard Cores, por mais que suas bandas toquem um som semelhante ou calcado no que se acostumou a ser um som tipicamente HC. Voces são apenas mais massa de manobra, mais do mesmo nas mãos da velha máquina, que necessita de sua conivência e silêncio para se sustentar às custas de todos nós.

E há aqueles que juram de pés juntos que o HC comunga com religiosidade, com pessoas e bandas que falam de deus, Jesus, da luz divina, e estas coisas. Tento dizer sempre à estas pobres pessoas que o termo e estilo de música, ideologia e filosofia de vida do Hard Core não comporta mensagens divinas, esperanças de vinda de quem quer que seja do céu ou inferno. Estamos falando de algo com um contexto enraizado na iconoclastia, na não admiração e submissão à nada e alguém. Mas, é como diz o título deste texto: os que menos tem a ver com Hard Core, são justamente os que se acham no direito de se acharem donos do estilo e de ditarem as regras no mesmo! Coitados, como sofrem!
Este meu texto no meu perfil no Facebook gerou uma falação desgraça, uma controvérsia e até perda de amizades (falsas, por sinal, porque verdadeiras amizades persistem por mais que se seja contrário um à ideia do outro).  Algumas pessoas pensaram que eu estava falando mal do HC, falando mal de uns e outros. Bem não tenho costume de arremessar carapuças para o ar, mas tem gente que vive pronto a pegar qualquer uma e usar voluntariamente. São pessoas que tem sérios problemas de alto estima, frustrações, desilusões e necessitam ser notadas o tempo todo, e também acabam sendo pessoas que não tem nada a ver com HC, mas se acham inseridos no contexto. Acho que pelo fato de terem tatuagens, usam bonés de aba reta, bermudas mostrando o rego da bunda suja, falam palavrão e lutam para se enquadrar em algo na vida, acabam abraçando o HC justamente pela liberdade que o estilo prega.   
Fico feliz em ver que nem tudo está perdido, e que a essência Hard Core ainda pulsa em vários pontos pelo Mundo afora. há pessoas realmente inseridas no HC Punk se infiltrando na política mundial, mas espero que também não se corroam como toda peça que adentra a grande máquina do Estado. É bom ver a raiva nos sorrisos sarcásticos de membros de bandas contestadoras e seus membros apolíticos gritando o que pensam e sabem!

Afinal... o terror ainda vive! Ainda pulsa, ainda é ameaça!

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