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terça-feira, 11 de outubro de 2011

CUIDADOS PÓS TATTOO


Até agora, nunca quis escrever sobre quais são os cuidados pós-tatuagem aqui no blog por ter percebido, nesses mais de oito anos de profissão e mais de 6 mil tattoos feitas, o quanto isso muda de tatuador para tatuador. Confesso que a quantidade de informação das mais diversas possíveis me atrapalhou muito no início, o que me obrigou a ir atrás de conteúdos teóricos e práticos sobre o tema, além de muita troca de informação com outros colegas de profissão.

Porém, devida a escassez de bons textos sobre o tema na internet ou mesmo em revistas especializadas, depois de bastante estudo e pesquisas teóricas e práticas sobre o tema, resolvi dar minha colaboração sobre como devem ser os cuidados pós-tatuagem que um recém tatuado deve ter.

Inicialmente, duas premissas devem ser entendidas: Primeira: Uma tatuagem é uma ferida. Ainda que superficial, ela é uma ferida. Sua pele foi furada, inúmeras vezes, para que a tinta fosse deixada sob a pele.
Segunda: A tendência de um organismo recém tatuado é de eliminar o máximo de tinta que ele puder. Quando você acaba de fazer uma tatuagem, para seu corpo nunca houve tinta ali, toda essa tinta aplicada é um corpo estranho para seu organismo. O que ele vai tentar fazer então é eliminar essa tinta. Pois bem, se sua tatuagem é uma ferida e se a tendência do seu organismo é eliminar o máximo de tinta que ele puder, é óbvio que quanto melhor você cuidar de sua cicatrização, menos tinta perderá, mais bonita sua tattoo ficará.Outro ponto relevante é entender qual é a verdadeira cicatrização de uma tatuagem. Uma tatuagem estará totalmente cicatrizada quando crescer sobre ela uma fina camada de pele. Isso leva cerca de dois meses, variando minimamente de organismo a organismo. Daí a máxima de que quanto mais branca for a pele do tatuado, mais fina e transparente será essa pele, mais visível ficará sua tatuagem. Cabe aqui a ressalva de que muitas vezes as pessoas mais morenas pensam que sua tatuagem não foi bem feita, pois no começo ela estava muito mais nítida do que pouco tempo depois.
Acontece que cresceu essa pele, que é da cicatrização correta, e ela não sendo tão transparente quanto as mais brancas a pessoa pensa até em retocar sua tatuagem para que ela fique mais nítida. Acontece que assim que a pele crescer novamente ela já não ficará tão nítida novamente.Vamos aos cuidados então?Assim que você sai do estúdio do seu tatuador, você estará usando um plástico film para proteção se sua tatuagem. A tatuagem eliminará um pouco de água e sangue nos primeiros 30 minutos - tempo aproximado que leva para sumir o vermelho da pele em volta da tatuagem e parte do inchaço – por isso deve-se trocar o primeiro curativo uma hora após o fim da tatuagem.Antes dessa primeira troca do curativo deve-se limpar a tatuagem. Nunca use sabonete em barra nem líquido para limpá-la. Esses produtos contêm sal e sendo uma tatuagem uma ferida não se pode aplicar sal em feridas, pois isso atrasa demais a cicatrização. Limpe-a apenas com um algodão ou uma gaze molhada, sem esfregá-la.
Levemente remova o excesso de sangue e pomada.Feito isso, o próximo passo é aplicar uma nova camada de pomada que deve ser a rica em vitamina B5, forte composto cicatrizante. A melhor pomada vendida no Brasil para esse tipo de cicatrização é a BEPANTOL BABY®. Tenha cuidado! Há pouco tempo vêm sendo vendidas genéricas da Bepantol®, como Dexpantenol, Bepantriz ou Epitegel. Elas não estão com a mesma qualidade da original e têm causado certa alergia nas pessoas. É bem verdade que custam cerca de R$ 2 a menos, mas elas não têm atingido as expectativas de quem as usa. Aplique a pomada sem esfregá-la.
Massageando-a levemente sobre a pele. O passo seguinte é a recolocação do plástico film. O plástico film é aquele plástico, comprado em rolo no mercado, também usado em alimentos e sanduíches naturais. Pode usá-lo sem medo nenhum. Ele é rigorosamente higienizado. O plástico tem que ser usado durante três dias, sendo trocado também três vezes ao dia. Isso impedirá o acesso de bactérias à sua tatuagem e evitará que se formem cascas nela durante sua cicatrização. As cascas, embora muitos as achem necessárias, ao começar a cair e por não cair toda de uma vez e sim aos pedaços, cada pedaço que sai ou que se arranca, sai com uma quantidade de tinta. Por isso ficar puxando-as afetará o resultado final da sua tatuagem, deixando falhas e possíveis feridas que cicatrizarão de maneira desigual do restante da pele.É importante lembrar que o plástico deve ser usado nos três primeiros dias de cicatrização 24 horas ao dia. Para dormir, para namorar, para tomar banho, para tudo... O tempo todo! Aí você pode pensar “mas o fato de eu usá-lo durante o banho não vai impedir de molhar a tatuagem”, impedir não, mas ameniza bem o efeito da água, do sabonete, xampus, óleos de banho... Mesmo com o plástico você perceberá a eliminação de tinta pelo seu organismo. Seu corpo consegue eliminar um pequeno excesso de tinta nos dois ou três primeiros dias. Você perceberá um pouco de tinta nos plásticos e pequenos pedaços de uma pele bem fina e superficial também saindo com tinta. Isso é perfeitamente normal. Se o local onde você fez a tatuagem não dá para enrolar o plástico como dá pra se fazer nos antebraços, braços, tornozelos ou panturrilhas, você deve ter uma fita adesiva para prender esse plástico, senão ele irá cair o dia todo.
Se você optar pelo esparadrapo use o Micropore®, aquele cirúrgico e antialérgico. Os demais deixam muita cola na sua pele e, ao longo de várias trocas durante três dias seguidos, isso poderá lhe causar incômodo e coceira além de deixar um aspecto de sujeira em volta da sua tatuagem. O mais recomendado é a fita adesiva de bebê, usada pelas mães para fixação das fraldas. Ela é vendida em qualquer farmácia e tem um custo bem acessível e menor que o esparadrapo, além de ser antialérgica e específica para a pele.
É Importante a ressalva de que não há nada mais chato que usar esse plástico sobre a pomada durante três dias, porém nada é mais importante que isso para garantir a beleza da sua tatuagem. Pense sempre que esse é um processo de cicatrização e que ele leva tempo e exige dedicação. Após os três primeiros dias, ou seja, após o plástico, deve-se continuar com a pomada por mais 15 dias, no mínimo três vezes ao dia.
Nessa fase, ao se aplicar a pomada, deve-se massagear levemente a tatuagem, pois como ela está sem a proteção do plástico, a pomada deve ser absorvida pela pele, para que não seja rapidamente retirada de cima da tatuagem por roupas ou esbarrões. É bom observar sempre a tatuagem e, ao perceber que ela está muito seca ou secando, hidratá-la novamente com mais uma camada de pomada. Uma coisa bem comum após o período do plástico é a região da tatuagem e ela mesma começarem a coçar. E como coça! Muito. A coceira é típica da cicatrização.
Não se assuste, porém não a coce de maneira alguma. Nem ela, nem ao lado dela ou mesmo por cima da roupa. Começou a sentir coceira, passe uma fina camada de pomada, massageando-a levemente. A pomada tem um analgésico tópico que elimina essa sensação de coceira.Após esses 15 dias de pomada sua tatuagem já estará quase pronta. Por que quase? Sua cicatrização em definitivo leva - completos - dois meses. Mesmo que ao olho ela já esteja como você queria, não significa que ela já esteja realmente cicatrizada. Esse processo leva tempo. É claro que a exatidão desse tempo vai variar de organismo a organismo. Porém, a cicatrização é algo um pouco mais complexo que isso. Depende de fatores externos a tatuagem em si. Fatores como stress, sono, alimentação, influenciam no tempo de cicatrização. Cabe aqui a lembrança de que cada ser humano é um indivíduo, ou seja, isso varia de organismo a organismo, mas uma coisa é certa: sua pele não leva menos de dois meses para cicatrizar por completo sua tatuagem.Fatores como alimentação vão influenciar diretamente no resultado final de sua tatuagem. Ora, se dissemos anteriormente que a tendência do seu organismo é expelir e eliminar a tinta de seu corpo, quanto mais tempo levar para cicatrizar sua tatuagem, mais tinta será eliminada. Fundamental para isso é o tratamento recebido nos primeiros dias. Existem alimentos que atrapalham e atrasam a cicatrização e esses devem ser fielmente evitados.
Quais são esses alimentos? Esses alimentos são:
• Carne de porco e seus derivados como bacon, presunto, alguns tipos de lingüiças e comidas preparadas com carne de porco como feijoadas ou bistecas;
• Pimentas, líquidas, em pedaço, brancas, em molho ou mesmo do reino;
• Chocolate e seus derivados como achocolatados do tipo Nescau®, Toddy®, bolos, sorvetes, bolachas recheadas, bombons, trufas, ou seja, tudo que tem chocolate em sua composição;
• Ovos, sejam fritos ou cozidos. Ah! Cabe aqui a lembrança de que a maionese possui muitos ovos batidos em sua composição, então deve ser evitada;
• Camarão e seus deliciosos pratos. Esses alimentos devem ser evitados por sete dias a contar da hora em que sua tatuagem foi feita. Sete dias sem esses alimentos não mata ninguém. Basta um pouco de força de vontade, dedicação e entendimento do por que está se fazendo isso. Ora, a tatuagem profissional custa caro e dói relativamente pra ser feita, não custa nada cuidar de sua cicatrização por um tempo até que pequeno em se considerando que ela irá contigo pro resto de sua vida e além... Outros fatores também influenciam no resultado final de sua tatuagem, ou seja, também atrapalham sua cicatrização e – com isso – fazer com que se perca mais tinta do que se deseja. Esses fatores são sol, praia, mar, piscina, rio, cachoeiras e sauna devem ser rigorosamente evitadas pelos primeiros 60 dias pós-tatuagem.
• O sol. Você pode tomar sol no corpo inteiro, só não pode tomar sol sobre a tatuagem. Ou seja, caso você tenha alguma patologia psíquica ou física que não lhe permite ficar ausente ao sol por nenhum dia, cubra perfeitamente sua tatuagem para que ela não seja exposta ao sol de maneira alguma. É bom lembrar que o sol que atrapalha a cicatrização é o sol em excesso. Caso você tenha que sair rapidamente à rua para alguma atividade, esse sol não atrapalha. Desde que seja rápida. Após esses 60 dias, ao se saber que se tomará sol em demasia, aplique bloqueadores solares dos fatores 50 ou 60 sobre sua tatuagem. Caso você se bronzeie sem cuidado algum após esses 60 dais, você estará bronzeando a pele que cresceu sobre sua tatuagem, e não a tatuagem em si. Assim que o bronzeado sair, seu desenho voltará com a mesma intensidade. Porém antes dos 60 dias não faça isso, nem com bloqueador, nem com nada.
• As águas. Sejam de piscina, mares, rios, cachoeiras, do que forem, devem ser rigorosamente evitadas devido à sujeira dessas águas. Em caso de piscinas, ao contrário do que se pensa, não é somente o cloro que atrapalha, mas as urinas e colifórmios fecais presentes na água. No mar, além dessas mesmas sujeiras ainda se tem o sal para piorar.
• As saunas. A sauna também atrapalha a cicatrização de um ferimento pela exposição excessiva ao calor e a umidade, além da alta temperatura. Na primeira semana após se ter feito uma tatuagem deve-se evitar também banhos muito quentes e demorados além de roupas e calçados muito apertados sobre a tatuagem. Após todo o período de cicatrização, ou seja, após os dois meses, você pode aplicar constantemente cremes hidratantes sobre a tatuagem. Isso ajudará a manter a pele que cresceu sobre ela sempre hidratada e, conseqüentemente, sua tatuagem mais bonita e vistosa. Passado esse período, uma vez por mês, pode-se estar lavando-a com uma macia bucha ou cremes esfoliantes para que sejam retiradas as células mortas que pairam sobre a pele. No mais, é só começar a pensar na sua próxima tatuagem, afinal, como dizem, tatuagem é mais fazer a primeira. Depois, você sempre achará algum desenho para colocar em algum lugar...
Uma boa cicatrização só depende de você. Siga os procedimentos com rigor visando um melhor resultado final, afinal ela é para sempre. Os cuidados dependem exclusivamente de você e não adianta culpar o tatuador caso algo saia errado nesta fase. Nós só acompanhamos os clientes enquanto eles estão em nossos estúdios. Depois disso, se ele quer cuidar ou não da cicatrização, não depende de nós. Caso você não siga os procedimentos e queira culpar alguém, dê uma corrida até o espelho e lá desabafe bastante.
Mais informação sobre sua cicatrização nos textos:
Biologia da Tatuagem. Link: http://oblogdozen.blogspot.com/search?q=biologia

BANDAGEM: Garantindo a Beleza da Tattoo. Link: http://oblogdozen.blogspot.com/search?q=bandagem

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Entrevista - Sanctifier



O Sanctifier teve início às atividades no ano de 1987. Após a gravação de algumas demo tapes, em 1993, gravam a “Ad Perpetuam Rei Memoriam”. Esta gravação é considerada por especialistas e fãs como uma das mais importantes gravações independentes do gênero realizadas no Brasil pela ousadia técnica e estética. O resultado desperta o interesse a gravadora grega Molon Lave Records (Ancient Rites, Necromantia, Varathron etc), de propriedade do Jim Multilator, baixista do Rotting Christ. A demo tape formata-se no 7”EP e tem distribuição por toda a Europa entre os anos de 1994 e 1995.

Em 2003, por solicitação de gravadora colombiana Trauma, compilam suas demos tapes e a gravação de um show ao vivo (Fortaleza/1994) para a prensagem do cd intitulado “The Demons”, distribuído na America Latina. Em 2004, gravam a Musica “Non Serviam” para o “Tributo ao Rotting Christ” (Records, 2004 com a participação das principais bandas de death e black Metal brasileiras na época. Em 2007, gravam o debut cd “Awake by ImpurIty Rites”, pela Dying Music, responsável pela distribuição nos EUA e Europa, e pela Weird Truth, responsável pela distribuição na Ásia e Japão, obtendo elogiosas críticas nas principais publicações especializadas. Ainda em 2007, participam do split 10’’ MLP, em vinil, “...In Deathmetallic Brotherhood...”, com a banda brasileira Headhunter d.c, pela gravadora francesa Legion of Death Rekordz.

Em 2011 apresenta nova formação que conta com Rogério Mendes, nos vocais (Ex-Decomposed God); Alexandre Emerson, guitarras; Mitchell Pedregal (Ex-Hammeron), guitarras; Adriano Sabino, baixo (Putritorium) e Marcelo Costa, bateria (Expose Your Hate) com vistas na gravação do próximo cd da banda intitulado “Daemoncraft”, que sairá pelo selo Dying Music e o DVD comemorativo de 25 anos da banda, ambos a serem lançados em abril de 2012.

Contatos:

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1- A Sanctifier encerrou suas atividades por um tempo, certo? Quando foi essa parada e o retorno? E o que mudou na banda da primeira fase pra essa de agora?

O Sanctifier nunca encerrou suas atividades, que fique bem claro, antes de qualquer consideração. Com isso, pode-se dizer que quem “decretou o encerramentos das atividades” da banda foi uma minoria desinformada do público. O Sanctifier, assim como boa parte das bandas, sempre teve problemas com a estabilidade na formação. O que pode ser considerado natural. É comum as pessoas sentirem em determinado momento da vida a necessidade de dedicar seu tempo a outras atividades/experiências – estéticas ou não – e à sobrevivência, exclusivamente. Muitas vezes elas querem ter outra rotina porque acham complicado serem a mesma pessoa e fazerem as mesmas coisas sempre! Mesmo sendo compreensivos é fato que as constantes mudanças na formação causam transtornos. A dificuldade do Sanctifier sempre consistiu em encontrar nas pessoas disponibilidade e capacidade técnica mínimas alem de um grau satisfatório de maturidade para saber o que estariam prestes a fazer na banda. A parada a que você se referiu, de 2009 a 2011, relacionou-se a esta dificuldade: de encontrar pessoas, digamos, legais, para desenvolver um trabalho. Mas, ao contrário do que podem pensar muitos, o Sanctifier não parou porque o Alexandre Emérson compôs o “Daemoncraft”. De qualquer maneira o mais importante do momento é que a banda voltou e está com uma nova formação que, segundo Alexandre Emerson, fundador e principal compositor da banda, não deixa nada a dever, a formação da “Ad Perpetuam rei Memoriam”. A “parada” também foi importante para que nós também pudéssemos (re)pensar e (re)afirmar os planos em relação ao Sanctifier. Achamos saudável e necessário o recesso pelo tempo que temos (25 anos). Não somos apenas músicos que se interessam por death metal: também temos nossas vidas, famílias e outros interesses. Hoje o Sanctifier é uma banda mais madura e isso facilita muito o desenvolvimento dos trabalhos. Por isso, achamos que o “Daemoncraft” será um trabalho muito interessante porque refletirá o bom momento que a banda, e cada um de nós, vivemos. Achamos que essa é a grande diferença que vivemos em relação a antes: a maturidade que, obviamente, também reflete no desenvolvimento de nossa técnica e identidade atual.

2- O que voces estão ainda trabalhando da primera fase?

Tentamos com “Daemoncraft” fazer algo diferente do que foi feito no “Awake by Impurity Rites”. Semelhanças existem porque as referencias centrais se mantêm mas, como esse cd contará com a participação ativa de uma formação diferente da anterior naturalmente apresentará um feeling distinto. Não faria sentido a banda também tentar encontrar uma fórmula e mantê-la. Para quem cria é importante buscar outros caminhos para o que já foi feito porque aí reside o valor da obra, da Arte e do reconhecimento. Este cd também terá uma produção mais bem cuidada. A produção do disco ficará a cargo do Victor Fábio, do Estúdio Flames/RJ, que já foi integrante do Sanctifier (e também do Expose Your Hate e Lord Blasphemate) e ficará responsável em dar ao Sanctifier uma sonoridade que nada tem a ver com a utilizada pela banda antes. Queremos retomar as atividades com uma alma diferente e isso está nos deixando satisfeitos e estimulados. Até o logotipo modificamos - novo logotipo do Sanctifier foi feito pelo designer Christophe Szpajdel, que criou os logotipos do Moonspell, do Enthroned, do Emperor etc. Queremos algo que se distinga e ao mesmo tempo seja extensão da aura do Sanctifier do “Awake by Impurity Rites e provavelmente daqui a um tempo, no terceiro cd, estaremos nos esforçando para não mais realizarmos algo diferente do “Daemoncraft”. Não faz sentido sermos repetitivos na nossa música quando constantemente estamos mudando as nossas opiniões e idéias.

3- Voce acredita que o cenário nordestino ainda é carente de algo, em relação ao da região sudeste? Ou de uns anos pra cá formou-se um cenário compativel e que caminha por sim?

Muitos de nós, nordestinos, somos carentes de auto-estima. Não costumamos valorizar e estimular as nossas bandas, os nossos fanzines, as nossas revistas e as nossas produções. Sempre vemos com desconfiança o Nordeste, a nossa própria Região, por ela enfrentar muitas dificuldades ao mesmo tempo que não colaboramos para que a situação mude. Muitas vezes repetimos o discurso que vem de fora e que nos incomoda: o Nordeste não tem muita importância. Daí nos limitamos a culpar os outros ao invés de pensar sobre nossas dificuldades e trabalhar para melhorá-las. Precisamos amadurecer e encarar muito de nossos problemas e resolve-los de maneira adulta e consciente. Precisamos saber quais são as nossas carências, dificuldades e trabalhá-las ao invés de limitar-se com as opiniÕes dos outros. Melhores produções e estruturas acontecem no Sudeste porque eles cuidam para que isso aconteça e devemos pensar da mesma maneira: trabalhar para que isso aconteça no Nordeste. Noto que há um movimento nesse sentido mas ainda é muito pouco! As Bandas têm que investir não apenas em equipamentos de ponta mas também aprender o seu manuseio e as possibilidades que oferecem alem de sempre estudarem, atualizarem-se com a tecnologia; produtores têm que parar com a mentalidade de que estão fazendo um favor colocando bandas para tocar enquanto lucram; o público tem que prestigiar e consumir o mercado local – ingressos pra shows, cds, camisetas; os músicos têm que ampliar a idéia de profissionalismo. Sei que o que acabei de citar são problemas gerais e acontecem em todas as regiões mas falo como Nordestino que tem consciência de seus problemas e quer resolvê-los. Infelizmente o que poderia ser compreendido como underground ainda limita-se a idéia do que se relaciona com o “obscuro”, com a precariedade e com o descaso. Sem falar que as pessoas não são livres: cada um se acha no direito de “patrulhar” o que o outro ouve, o que o outro veste, o que o outro fala e os lugares que freqüenta. Isso me parece atitudes de pessoas pouco maduras e que não estão preparadas para desenvolver um trabalho sério porque não respeitam os espaços do outro. É curioso porque temos uma relação autodestrutiva conosco e não percebemos. Se você me pergunta se há uma relação discriminatória de muitos sulistas com os nordestinos eu te responderia que muitas vezes há, de fato. Mas muitas vezes acontece essa reação em virtude da maneira como nos comportamos conosco. Ao invés de nos preocuparmos com a opinião dos outros deveríamos nos ater e reparar nossas dificuldades: não para os outros mas, sobretudo, para nós mesmos. Não vejo razão para nos incomodarmos tanto com o que as outras Regiões. Ao invés dos mexericos devemos nos ater ao que nos propomos a fazer. Não dependemos de outras Regiões como muitos imaginam. Vamos valorizar o que fazemos e quem está do nosso lado porque apenas assim as coisas poderão mudar a contento. Temos um público que cada vez mais nos garante o privilégio de termos acesso a shows cada vez maiores e consumirmos mais e manter um mercado que nos interessa. Os produtores estão amadurecendo a idéia do que é de fato profissional e necessário alem de entender o que é de fato ‘underground’. Resta-nos essa consciência e ocuparmos o nosso lugar nesse sistema.


4- Haviam muitas bandas aí em Natal, quando a Sanctifier iniciou a carreira. Dessas, quais continuam na ativa e quais atuais voce destacaria?

O Sanctifier é a banda mais antiga em atividade no Rio Grande do Norte e quando começou não havia muitas bandas em atividade. Havia o Crosskill, o Auschwitz, o Hammeron... A antiga gravadora Whiplash Records dava muito suporte a consolidação das bandas potiguares e nordestinas. Se o Luziano não tivesse falecido é possível que a Whiplash Records tivesse a dimensão e importância do que teve a Cogumelo Records. Hoje a cena tem bandas muito interessantes como o Expose Your Hate (Grindcore), Deadly Fate (Heavy Metal), Katáphero (Death Metal), Comando Etílico (Heavy Metal/Hard Rock) além de uma cena “indie” que cresce bastante. Há rock para todos os gostos. É um erro achar que o metal deve prevalecer em relação a outros gêneros ou subgêneros. É preciso conviver com as diferenças. Há público e consumo para todo tipo de musica. Ter preconceito com outras pessoas por achar que nossas predileções são melhores e mais importantes – radicalismo - é um erro que não deveria continuar. Ninguém pode ser considerado um idiota por preferir coisas diferentes de nós. Cada um no seu tempo, na sua história. Mas que fique bem claro uma coisa: somos o Sanctifier e há 25 anos fazemos death metal. Por meio do death metal podemos ser uma boa opção para quem gosta do estilo.

5- Que material voces tem disponivel e como fazer para adquirir? Algo antigo ainda em catálogo?

Temos as novas camisetas, que estão saindo bastante! Quem estiver interessado pode buscar maiores informações pelo site: http://blog.sanctifier.net/camisas/ ou http://peligrot-shirts.blogspot.com/. As camisetas estão sendo distribuídas pela Peligro T-shirts, do amigo e artista potiguar Jansen Baracho. Também encontram-se ainda disponíveis os CDs “Awake by Impurity Rites” (Dying Music, 2007); “Tributo ao Rotting Christ”, (Records, 2004), a promo “Zi Dinger Kia Kampa” (do “Awake by Impurity Rites”); a compilação em cd de demos e um show intitulada “The Demons” que saiu pela gravadora colombiana Trauma, em 2003. Todos esse títulos ainda podem ser encontrados na Dying Music (www.dyingmusic.com). Há também outros títulos esgotados do Sanctifier que podem ser encontrados em sebos virtuais São eles: o 7’’EP com o nome de Hellspawn - prensagem em vinil da dt “Ad Perpetuam Rei Memoriam” que saiu pela Molon Lave Records (1993) por intermédio do Jim Mutilator, baixista do Rotting Christ. Há também o split 10’’ MLP com o Headhunter d.c, em vinil, intitulado “...In Deathmetallic Brotherhood...”, pela Legion of Death Rekordz (França) e um split cd lançado pela gravadora colombiana Warfucks Records (2003) com duas bandas polonesas: “Nekrokultus e Throneaum.

6- A Sanctifier ja fez shows fora do eixo nordestino, vindo mais para o sul do país? Ja foram pra outros países? E como estão os planos para essa parte da banda?

O Sanctifier não tocou fora do eixo nordestino. Aconteceram convites para alguns shows pelo Brasil e até para uma turnê latino-americana junto com o Dominus Praeli. Acontece que, pela experiência que nós temos, as coisas não se tornam tão simples. Sair de nossos estados e país não pode ser feito em qualquer condição. Muitas vezes sair nessas turnês é mais vantajoso do ponto de vista da experiência pessoal do que propriamente da experiência coletiva (banda). Para nós não bastaria irmos para quando voltarmos apenas dizer que fomos tocar “no estrangeiro” sem ter tido uma estrutura ou garantias mínimas como se fôssemos colegiais em uma excursão. O curioso é que hoje o movimento é inverso: há bandas mais bandas estrangeiras interessadas em tocar no Brasil do que o inverso. A Europa não comporta mais a mesma estrutura e interesses. Precisamos entender isso. O mercado funciona diferente hoje. Há bandas que pensam como há vinte anos atrás e isso não nos interessa. Não somos mais adolescentes e não compartilhamos com a idéia de que os produtores estão fazendo um “favor” para nós nos convidando para tocar. Também não achamos que ao sairmos para tocar fora do Brasil acontecerão grandes mudanças. Não queremos dizer com isso que não nos interessa tocar em outros lugares fora de nosso eixo. É claro que nos interessa! Também não queremos parecer rudes ou recalcados com quem teve a experiência. Talvez, há alguns anos atrás tivéssemos a mesma disposição de aventurarmos e acalentarmos os benefícios da Antropologia das Viagens. Hoje, não. Vamos esperar a saída do “Daemoncraft” e observar a recepção do trabalho e daí aguardar/planejar algo nesse sentido mas, com muita cautela.

7- Qual a temárica principal da banda? Ou voces não se prendem a determinado assunto? Voce imagina que o conteudo lírico deve ser em comunhão com o visual e demais posturas da banda?

O assunto abordado no “Awake by Impurity Rites” permanecerá no “Daemoncraft” que é o estudo aprofundado do mito de Cthulhu a partir da livre leitura da obra de H.P. Lovecraft que firma o “mito” de Chutulhu como fronteira/resultado da relação humana com a idéia do horror. O horror como metáfora da natureza subjetiva humana, responsável pela criação de universos que se materializam em crenças, mitos que nos une a dimensões abstratas e surpreendentes que se tornam reais a ponto de nos atormentar ou extasiar, numa demonstração de como somos complexos e ignorantes. Dessa maneira tornamo-nos demônios de nós mesmos. Trata-se de um trabalho que se relaciona com o poder subestimado da imaginação que é responsável por tudo o que o homem materializa por meio do que desconhece: as forças ocultas da mente que tornam possíveis outras realidades, quase sempre inventadas por nós mesmos. O horror, com isso, torna-se o que não nos faz reconhecer a si próprios; o que faz nos temer diante do que somos capazes; o que nos repugna e envergonha situando-nos à condição mínima da ignorância sobre nós mesmos. Entretanto, no terceiro trabalho, após o “Deamoncraft”, estamos querendo abordar temas mais “reais”, mais próximos da realidade; eventos que se vinculam a uma prática de reflexão cotidiana: temas que voltados para a Antropologia, Sociologia, Filosofia, História que são ciências ricas ao contar a história do desenvolvimento do homem entre erros e acertos. Achamos que nesse contexto há temas importantes, outras dimensões do “horror”, que merecem ser abordadas, como por exemplo: o horror da dificuldade em lidar com a diferença; a vaidade. Estamos pensando...rsrs

8- Alem a banda, o que mais voces fazem no dia a dia? Tipo trabalho, estudo, etc? Há como conciliar bem a vida pessoal com a vida em banda? E como sobreviver de Metal no Brasil

Eu e o Alexandre Emerson somos professores. Somos formados em Letras e trabalhamos ministrando aulas e cursos; desenvolvendo pesquisas; escrevemos textos técnicos e críticos sobre Linguagem. Ainda freqüentamos os bancos das pós-graduações das universidade: não paramos e não pretendemos parar de estudar! Mitchell Pedregal é publicitário, designer gráfico e professor de ensino superior da área. Trabalha também desenvolvendo mídias e campanhas publicitárias em geral além de atuar como produtor cultural. Adriano Sabino é formado em Radialismo e TV e trabalha na área, principalmente como editor de imagens, em produtoras e como free-lancer. Marcelo Costa alem de atuar como analista imobiliário toca em outras bandas – Expose Your Hate e Sex ‘n Roll. Não acreditamos que possamos sobreviver única e exclusivamente como músicos de metal no Brasil. Mas por outro lado também achamos saudável desenvolvermos outras capacidades e nos relacionarmos com outros meios e outras lógicas. Não concentramos nossa energia apenas no Metal.

9- Em alguns países muitas bandas sobrevivem da própria banda, mesmo fazendo som extremo. No Brasil até banda cover tem que se virar pra se manter vivo. O que voce acredita que deva mudar na postura brasileira quanto à musica pesada e extrema até, para que músicos de excelente qualidade não migrem do estilo para outros,como Forró, Sertanejo, etc?

Às vezes a impressão que eu tenho é que se criou um universo paralelo onde as pessoas que gostam de metal não se relacionam diretamente com o mundo real tal é a distância que se possui de algumas instâncias necessárias ao desenvolvimento de um trabalho ou sobrevivências. O musico de metal tem o mesmo status que qualquer outro musico que desenvolve um trabalho qualquer com outro gênero e precisa, assim como qualquer musico, de apoio e condições mínimas de trabalho, o que não acontece. É quase uma ofensa quando uma banda solicita uma ajuda de custo quando realiza um show. Por outro lado o público não dá sustentabilidade aos eventos locais para que a valorização das bandas e dos trabalhos aconteça. Talvez, isso, de certa maneira explique o fenômeno das bandas covers. O poder aquisitivo do público é baixo que por sua vez é composto por um perfil que, em sua maioria, ainda não se firmou no mercado de trabalho ao ponto de usufruir de uma estabilidade sustentável para consumir o mercado local. Quando isso acontece preferem comprar itens de opções estrangeiras. O rapaz que não tem dinheiro para ir ao Rock In Rio ver o Metallica e por isso paga pra ver o show cover da banda que eles tanto gostam. Vivemos, “somos reféns”, dos meios de comunicação – revistas, sites, jornais – que formatam o sucesso de muitos. Para que isso mude e as bandas tenham oportunidade precisam se tornar um “evento midiático” para que tenham algum valor, sejam reconhecidos. Você fala de músicos de Forró, Sertanejo... Mas quando os músicos migram para esses espaços encontram valorização, condições mínimas de trabalho o que lhes garante sustentabilidade para viabilizar seus projetos. No caso do Sanctifier preferimos desenvolver atividades profissionais formais mas, cada casa é um caso. Ao invés de nas rodas os bangers ficarem apontando quem é “real” ou não deveriam fazer uma análise mais profunda sobre essa situação e provocar uma movimentação para mudar a postura e as relações no que se entende como “underground”. Isso, DE FATO, seria REAL. Acho que falta mais consciência, criticidade e principalmente AÇÃO das pessoas que gostam de metal.

10- Por favor, encerre essa entrevista. E desde já é um prazer recebê-los em nosso site. Força e sucesso. Sanctfier Rules!

O prazer é, e sempre será, nosso, Charlie Curcio e Rock Meeting. Valorizamos o trabalho das pessoas que acreditam na informação e nas idéias daqueles que contribuem para que continuem existindo a musica pesada. Isso é muito importante. Acreditamos tanto na força da musica quanto na força das idéias para que as circunstâncias de um mundo que nos incomoda modifique. Essa é a razão do Sanctifier existir e de estarmos aqui conversando. Não basta criar um sentido, modelar a estética desse sentido e não acreditar no sentido que tomam forma a partir do que dizemos. O Sanctifier voltou e com ele uma formação que em breve apresentará, ao vivo e em estúdio, o resultado de alguns do mais recente trabalho, o “Deamoncraft”, que será gravado em janeiro próximo e deve sair até abril de 2012! Também aguardem o nosso DVD comemorativo dos 25 anos de história de banda! Nele haverá clip; imagens de shows novos e antigos; depoimentos de integrantes e amigos/bandas; making off... Será um trabalho muito interessante, um registro de nossa dedicação e história ao longo de mais de duas décadas e do novo momento, um bom momento, que atravessa a banda. Aproveitamos a oportunidade para agradecer a todas as pessoas que nos ajudaram a manter o Sanctifier “vivo”: amigos/fãs; famílias; zines; produtores; gravadoras. Uma grande abraço.

sábado, 24 de setembro de 2011

O Hardcore e a Luta de Classes


* Por Pedrão

“Essa música é pra incomodar, é a verdade agonizando em mais um grito...”

Rótulo – Cerúmen – Hardcore Nordestino

O movimento punk se iniciou a passos firmes na década de 70. Não por motivos espontâneos, mas por condições materiais daqueles que impulsionaram a história do movimento. A década de 70 foi marcado pela crise da chamada “Era de ouro” ou a crise do petróleo. Tal crise, colocou para os poderosos a necessidade de reconfigurar o sistema capitalista e cortar gastos nas políticas sociais para “salvar” o sistema e garantir o status quo da classe dominante. É evidente, que em momentos de crise é a classe trabalhadora que sofre as piores consequências. Sofrem mais ainda, os filhos e filhas desta classe, a juventude desempregada.

Sem empregos, com condições precárias de vida e sem perspectiva, essa juventude enxerga no movimento punk a ferramenta para gritar as contradições, o ódio pela cultura dominante e o conservadorismo dos bons-costumes. É então, como ferramenta da juventude desempregada, rebelde e movida por ideais libertários, que bandas de punk surgem contestando a ordem, os costumes, os valores burgueses e a imagem do bom-mocismo, em contrapartida imanava letras politizadas, postura rebelde dos subúrbios e periferias, representando, em muitos momentos, a voz daqueles que historicamente foram excluídos desse sistema opressor.

O estilo punk passou, no decorrer da história, por diversas transformações impulsionando o surgimento de outras vertentes como o hardcore, pós-punk, indie, new wave, etc. O Hardcore foi um dos principais estilos que reafirmou a necessidade urgente de denunciar as contradições da sociedade capitalista. Com batidas rápidas, guitarras frenéticas e vocais agressivos, o Hardcore firma-se de maneira a prenunciar os intensos ataques do sistema contra a juventude.

Porém o nosso inimigo, o sistema capitalista, não ficou parado. Intensificou ainda mais os ataques à juventude, principalmente a partir do final da década de 80. A indústria cultural foi sua arma principal na tentativa de despolitizar os jovens, criando formas prontas de bandas e de estilos musicais que tinham e tem como objetivo principal o esvaziamento da consciência e o alimento do corpo. Ou seja, foi nesse momento histórico onde diversas bandas surgiram carregando uma postura, uma tipo de roupa, um tipo de tênis e um tipo de ideia que visava o consumo desenfreado e a falsa ideologia rebelde. Falsa porque, a rebeldia era vendida aos jovens pela indústria cultural e pela cultura de massa e se baseava na compra de produtos. Aqueles que em outrora eram jovens rebeldes por condições materiais, por falta de emprego, por falta de perspectiva, por exclusão, por falta de dinheiro e por indignação às injustiças sociais, tornaram-se jovens “rebeldes” pelo novo penteado, pelo tênis colorido e pela calça de marca que, apesar de ser novinha, já vem rasgada de fábrica.

Da década de 90 aos tempos de hoje, essa cultura despolitizadora do hardcore e do rock em geral, tomou proporções gigantescas. O que podemos observar é o surgimento, em segundos, de bandas como Nx Zero, Strike, Emo, e suas reproduções falidas. Não só isso, uma postura vazia se incrustou na mente da juventude que, supervaloriza a estética em detrimento de qualquer outra coisa.

Porém onde há opressão, há resistência. Há pessoas que percebem tudo isso e fazem o contrário, nadam contra a corrente. Criam bandas, criam espaços, festivais que estão calcados na resistência do hardcore e na necessidade de reafirmar a capacidade da juventude de pensar o mundo para transformá-lo. Esta é a nossa tarefa enquanto juventude, “ocupar, resistir e produzir”. Nós, enquanto músicos, punks, fanzineiros, produtores, admiradores, mosheiros, temos que fortalecer nossa luta contra o nosso inimigo. O inimigo está aí, e é ele que temos que derrotá-lo.

* Pedrão é vocalista da banda de hardcore sergipana Rótulo.

sábado, 3 de setembro de 2011

Entrevista - Unearthly

Nossa segunda entrevista é com a grande banda carioca Unearthly. Confira o que os caras nos contaram nas linhas seguintes:

1- Como voces encaram o cenario carioca? Há locais para shows, organizadores comprometidos e meios para divulgação das bandas?

M.Mictian: Bem, como em todo o pais, as coisas por aqui são "meia boca". A cena é pequena, tem muitas bandas boas, mas locais pra shows são poucos e nem sempre, ou quase nunca, você terá suporte para fazer um bom show, na verdade já estamos de certa forma acostumados com isso. Pra se fazer um bom show tem que se fazer uma peneira e tentar escolher os melhores que, como eu disse, são poucos.

Eregion: Infelizmente temos de encarar o cenário carioca apenas como um degrau, um passo no caminho. Aqui, como o Mictian disse, é difícil encontrar pessoas que de fato trabalhem com metal e levem isso a sério. Pra maioria das pessoas o Metal é apenas mais um hobbie. Para nós não, Metal é nossa vida, e nossa profissão.

2- Voces tem ganhado bastante terreno no meio nacional e despontando para o Exterior. Como tem sido esse trabalho em busca desse reconhecimento?

Eregion: Durante muitos anos nosso foco era sobreviver e crescer no meio do Metal brasileiro, mas a experiencia nos prova por mais dia menos dia que aqui no Brasil a banda só ganha notoriedade depois de ter conquistado e se firmado fora do país.

M.Mictian: É arduo, a banda tem quase 13 anos de estrada e estamos sempre trabalhando duro com muita seriedade e buscando ser o mais profissional possíve., Sabemos que realmente o reconhecimento é dificil aqui no Brasil, mas temos a nítida certeza que continuando nosso trabalho da forma que estamos, teremos o reconhecimento bem maior a cada dia.

3- Voces estão apresentando convidados nos CDs da Unearthly. Conte-nos sobre como desenrola esses contatos e os meio de gravação da banda e as participações especiais.

M.Mictian: Teremos a participação de Steven Tucker ex-Morbid Angel nos vocais da música 'Osmotic Haeresis" do novo album "Flagellum Dei" que gravamos na Polonia. O Steven eu o conhecia a algum tempo pela Internet e ele sempre elogiava o Unearthly e nossas músicas. Então decidi convidá-lo pra gravar algo conosco e ele atendeu prontamente. Acabou sendo bem interessante ter a partcipação dele em nosso disco.


4- Há uma temática central nas letras e postura da Unearthly? Fale-nos um pouco sobre essa parte da banda.

Eregion: Como toda banda que evolui, é passível que as letras também evoluam, apesar da "temática" anti-cristã continuar no centro da temática, muita coisa mudou e evoluiu em torno disso. No novo disco pude explorar mais os conceitos sobrenaturais da natureza humana, desenvolvi mais sobre temas que põem o homem no centro de suas decisões, também explorei mais o lado poético da discertação, quem gosta de letras com conteúdos mais contundentes e que te façam pensar, com certeza se interessará pelas letras.

5- Voces estão trabalhando de maneira bem profissional no cenário quanto a shows e tudo que envolve a banda. Isso seria uma maneira, que a banda encara, para dar uma organizada aos poucos no cenário num geral?

M.Mictian: Nós tentamos fazer sempre o melhor, dar o melhor de nós mesmos para a nossa banda e desta forma dar alguma contribuição para o Metal Nacional, adoramos o que fazemos e fazemos o que adoramos, mas não somos o "Salvador da Pátria" isso tudo só muda e melhora quando todos encararem o Metal como algo profissional. Enquanto tivermos pessoas achando que as coisas tem que ser feita de forma amadora, mal feita e de qualquer maneira, nada mudará.

6- Todos que tocam no Exterior, principalmente na Europa, comentam que o Brasil está à quilômetros luz de distancia da organização gringa. Como voce poderia nos falar que seria um caminho para nos equiparamos à organização europeia. Ou para voces o Brasil está indo bem?

Eregion: Sim, estamos a quilometros luz de distância, principalmente pelas coisas básicas que servem de estrutura como equipamentos, organização, profissionalismo, compromisso, pontualidade, aqui é normal dar "jeitinho" nas coisas, é normal que um evento comece no minímo com 2 horas de atraso, também é normal que as bandas não sigam cronograma num show. Eu sei que existem problemas bem maiores como impostos altos que dificultam a compra de certos equipamento, burocracia que atravancam a liberação de alvará para alguns eventos, mas se pensarmos no básico para coisa funcionar, o mínimo aqui por muitas vezes já começa errado, se algo começa errado não tem como dar certo no final.

M.Mictian: Tivemos a experiencia de fazer turnê Sulamericana e as coisas não são muito diferentes daqui do Brasil não, mas também fomos pra Polonia gravar nosso album novo e tivemos contatos com bandas, público e produtores, aí sim podemos constatar a diferença que você pode ter certeza é infinita, a nossa "cena" está como voce mesmo disse a anos luz da Europa, lá tudo é organizado, é profissional, você é respeitado como músico, como artista, bem diferente daqui. Para ser igual à Europa é preciso se organizar e ser profissional. No Brasil é tudo feito de forma amadora.


7- Estamos no final de 2011, há planos para o lançamento de um DVD e uma turnê nas gringas?

Eregion: Temos tudo isso em negociação atualmente estamos com 5 propostas para realizarmos nossa primeira tour na Europa, mas ainda estamos analisando, ainda está tudo de maneira embrionária, pois os produtores trabalham com muitos meses de antecedencia, então certamente se acertarmos algo agora, será só pro ano que vem mesmo. Quanto ao DVD, estamos com esse projeto em mente sim, mas gostariamos de fazer um grande trabalho, a altura do disco que está por vir, então vamos deixar as coisas rolarem, vamos nos focar agora no lançamento do play, e assim que ele estiver nas ruas vamos nos programar pra esse DVD.

8- Voces se dedicam exclusivamente à banda? Acredito que não. Então, o que fazem em questão de trabalho? Isso pra que saibamos a sua opinião, M.Mictian, se há como músicos brasileiros chegarem a viver só de suas bandas. E como chegar a isso.

M.Mictian: Cada tem seu trabalho, mas basicamente relacionado a música, eu sou gerente de um estudio de Tatuagem, mas antes era tecnico de som de uma casa de shows, Eregion trabalha com produção musical e fotografia, Rafael Lobato e Vinnie Tyr trabalham dando aulas de música, se a banda ficar aqui no Brasil sem fazer tour pelo Mundo e ter uma gravadora lá fora acho impossível viver de Metal no Brasil. Mesmo porque aqui o apoio é bem pequeno e pra se ter essa situação de viver de banda com certeza tem que estar atuando na Europa e/ou Estados Unidos.

9- Como adquirir o merchandise da banda? E o que voces tem diponivel no momento?

Eregion: Infelizmente se esgotou todo nosso material, tanto CDs e camisas, toda as prensagens de todos os discos já se foram, como estamos negociando o lançamento do Flagellum Dei, pretendermos repor o estoque logo em breve, mas assim que tivermos algo com certeza será anunciado.

10- Por favor, encerre, brother! Satistação e honra ter a Unearthly aqui no Blog! Sorte e força!

Eregion: A honra é nossa de poder participar desta entrevista, esperamos que as pessoas que curtam nosso trabalho e que nos acompanham ao longo desses anos possam aproveitar mais esse lançamento e pra aquela galera que curte Metal e não conhece a banda, espero que essa seja um oportunidade de poder conhecer melhor nosso trabalho, e pra fechar fica o recado: "Se vc ama o Metal, lute por ele, trabalhe por ele, viva o Metal, não fique em casa apenas no computador sentado, baixando música e reclamando da cena, levante e faça a sua parte!"

Site oficial : WWW.THEUNEARTHLY.COM

videos clipes oficiais:
"AGE OF CHAOS" - http://www.youtube.comwatch?v=DbbLAyU4q88
"MURDER THE MESSIAH" - http://www.youtube.comwatch?v=W50qntyMycg

segunda-feira, 6 de junho de 2011

As 100 Maiores Capas de Discos da História (Na minha Opinião)

A Revista BIZZ lançou uma edição com as 100 maiores capas de discos da história. Isso na opinião deles, pois vi muita porcaria e muita coisa que não influenciou em nada a história do Rock and Roll. Tem muita capa feia, sem graça e outras sem a menos expressão. Então resolvi colocar minha opinião á vista. Colocar num papel as 100 capas dos 100 discos que ao humilde ponto de vista realmente tiveram algum impacto para o meio em que convivo e curto. Nada de estilos elitistas, nada daqueles discos que muita gente só diz gostar porque o cantor era muito louco, falava um monte de coisas que ninguém nunca entendeu e vivem criando mensagens subliminares nas letras sem sentido. Uma coleção de discos que vá desde os primeiros a gerar uma identidade em minha geração até os expoentes da música extrema. Algo pra fanzines mesmo, e não pra revistas tendenciosas e modistas. Procurei fazer comentários os mais completos possíveis, dentro de minha limitação de conhecimento.
Vamos lá...

1 – KISS – Creatures Of The Night

Sem dúvida o disco que mais influenciou a cena Rock no Brasil na década de 80. Com os shows do KISS em 1983 no Brasil o país foi de uma vez incluído no roteiro de grandes turnês de grandes bandas mundiais. Já haviam vindo ALICE COOPER, QUEEN e GENESIS, assim como o FRANK SINATRA e PAUL MCARTINEY, mas com o KISS foi que as agências tomaram gosto pela coisa e foram aprendendo como fazer festivais como o futuro Rock In Rio em 1985. Neste evento foi despejada uma grande quantidade de material promocional, propaganda da vinda da banda tinha em todo lugar: televisão, rádio, jornais, revistas, e até naquelas placas nas laterais dos estádios de futebol. Todo mundo queria beber na fonte desta nova mídia que começava a despontar no Brasil. E falando sobre o disco em si, não há como negar o impacto tremendo da música “I Love It Lound” como num todo no país. Esta canção mudou os rumos da música feita no país. Mudou a postura dos jovens da época. O disco mostra uma banda forte, com canções bem estruturadas, pesadas, é o disco mais Heavy Metal da banda até então. Foi o último da fase clássica com as famosas maquiagens, e o show no Morumbi foi o último desta fase, pois no final de 1983 os quatro aparecem de cara limpa e uma postura que seria o ponto falho na história da banda.

2 – NAPALM DEATH – Scum

O que acontecia no submundo da Europa e Estados Unidos tomou o mundo de assalto. Uma chuva de pedras nas mentes dos desavisados. Violência sonora aliada à postura desleixada do Punk de compor, tocar, agir e se mostrar. As músicas rápidas, extremas, curtinhas deste disco mostraram pra muita gente que ainda havia o que criar dentro dos contexto simplista do Hard Core/ Punk. As letras ácidas e críticas unidas à capa mais explicita ainda formam um conjunto que foi e ainda é modelo para muitas capas no mundo inteiro para bandas “filhas” desta época. Não posso deixar de figurar a interpretação errada que este estilo novo, o Grind Core teve para algumas bandas aqui no Brasil. Foi criando um tal de Satanic Grind Core. E olhe que tinham boas bandas no estilo, se tratando da parte musical, como a banda baiana CHEMICAL DEATH, a NECROBUTCHER, e tantas outras. Voltando ao Scum, é verdade que o NAPALM DEATH não foi o primeiro a produzir a massa sonora e destrutiva chamada Grind Core, outros nomes já o praticavam mesmo antes dos ingleses se juntarem para as primeiros ensaios. Vasculhando aqui e ali pude descobrir gravações bem mais antigas de bandas como RAPT, da França, e os próprios membros do NAPALM DEATH assumem influência do EP chamado Drop Dead, da banda SIEGE, que lançou apenas este disquinho e fez um tremendo estrago no mundo na música estrema mundial. De qualquer forma não podemos tirar os méritos do N.D. e seu disco de estréia , pois com ele a banda deixou de vez seus primeiros dias de mais uma banda Punk Rock para se tornar os maiores de um estilo que repudia os maiores e prestigia a igualdade, a crítica, a dúvida, a ofensa, o pessimismo, a politização...

3 – MORBID ANGEL – Altars Of Madness

O mal toma forma em forma de vinil em 12 polegadas. Este disco foi o marco divisório no Death Metal mundial. Antes tudo era na linha dos precursores POSSESSED, DEATH, MASSACRE, DESTRUCTION, VENOM, CELTIC FROST, HELLHAMMER, BATHORY, etc... Com Altars Of Madnes o estilo passou a ser realmente veloz, malévolo, foram incluídas passagens de orações profanas e negras. Com ele o MORBID ANGEL se torna grande, o maior nome do estilo até hoje, logo no primeiro disco, e tomam o mundo em turnês de puro ódio, maldade e profanações. Este é um disco que influenciou todas as bandas Death Metal desde então, daí surgiram CANNIBAL CORPSE, SUFFOCATION, DEMOLITION HAMMER, ASPHIX, MALEVOLENT CREATION, e mais uma infinidade de bandas que incorporavam às suas linhas de guitarras as oitavadas características das guitarras de Trey Azagtoth e Richard Brunelle, como que gritos desesperados de almas agonizantes nos mais profundos infernos. Tudo em Altars Of Madness é inovador, desde a capa que lançava para o mundo a arte doentia e maravilhosamente doentia e tétrica de Dan Seagrave, quanto a sonoridade dos instrumentos, os vocais animalescos de Vinnie Vicent. Realmente um marco.

4 - IRON MAIDEN – Live After Death
Um show perfeito! Poderia deixar só nisso e o comentário deste disco já estaria completo, pois é isso o que este disco é. Retirado de um show em Los Angeles da turnê do clássico Porwerslave, este show mostra uma banda coesa, com uma performance calcada em um show de Heavy Metal realmente e não na correria desenfreada em que a banda se transformou com a entrada do Janick Gers. A capa do disco é um espetáculo à parte, uma obra de arte do gênio Derek Wigs. Este disco mostra uma banda em uma época em que não deveriam ter nenhum problema ou dificuldade em montar os set lists para os shows pois todas as músicas eram clássicos absolutos, e o que é apresentado neste show não é diferente. Músicas antigas em meio às novas recentemente lançadas no Powerslave apresentadas com uma competência e profissionalismo que os fizeram grandes no mundo inteiro. Sem dúvida o melhor vídeo de um show de Heavy Metal de todos os tempos. Bruce Dickinson demonstra total controle no posto de vocalista, já era o front man da banda em definitivo. Os efeitos visuais do palco são mais um espetáculo. E quando tocam “Rime Of The Ancient Mariner” é o ponto máximo do show, com todo aquele clima formado com a fumaça, o jogo de luzes que desce até bem perto das cabeças dos músicos, e a reprodução na íntegra dos rangidos do velho barco que ilustra a canção no disco original gravado em estúdio. Podemos interpretar Live After Death como o marco final da época clássica da banda, uma vez que o que veio depois não teve o peso que os anteriores. Somewhere In Time é um bom disco, mas como comparar a um Piece Of Mind, ou The Number Of The Beast? Se Powerslave é para muita gente o melhor disco do IRON MAIDEN, Live After Death é a consolidação definitiva e com chave de ouro disso.

5 – POSSESSED – Seven Churchs
O que dizer de um disco que dele saiu o título de um estilo musical. O que mais dizer de um disco que logo ao ser lançado já arrebatou legiões de fãs por todo o mundo? Seven Churches já nasceu clássico, já nasceu fadado a ser lembrado por muita gente para todo o sempre como uma referência dentro do estilo que nascia naquela época do início dos anos 1990, o Death Metal. 10 entre 10 bandas do estilo tem este disco como referência, influência e melhor disco do estilo. O POSSESSED ainda lançaria mais um LP “Behiond The Gates” e um EP 7” “Eyes Of Horror”, ambos excelentes, mas nenhum com a reponsa de Seven Churches. Mesmo sendo classificado como Death Metal Primitivo”, é incontestável a técnica e violência das canções ali apresentadas. Solos doentios, bases marcantes e uma introdução que se encaixou perfeitamente à linha do disco. E o que falar da introdução da música “Death Metal”, com aqueles sinos acompanhando a base inicial do som? Do POSSESSED saiu Larry Lalonde que integra hoje o PRIMUS, uma banda estranha que faz música pra poucos, não desmerecendo a sua qualidade singular. O vocalista e também baixista, Jeff Becerra hoje se locomove através de cadeira de rodas, mas continua ativo em termos de banda e som. Mas por mais que façam, nada será capaz de ofuscar o brilho sombrio de seu primeiro filho bastardo, chamado Seven Churches.

6 – NUCLEAR ASSAULT – Game Over
Hard Core? Thrash Metal? Crossover? Fast? Louco? Alucinado? Ótimo? Sim, tudo isso e muito mais é o que é este primeiro disco desta banda americana que junto com ANTHRAX e D.R.I. impulsionaram para o mundo a junção do Hard Core e o Thrash Metal. Um disco que você escuta todos os dias e não se cansa. Game Over mostra uma banda iniciante mas já com muita segurança no caminho que traçaria, com um estilo definido e único. Muita gente tentou ser igual, ter aquela pegada, aquela técnica e velocidade dentro do Thrash Metal, mas pouquíssimos conseguiram chegar perto. O vocal de John Conelly é único até hoje. A bateria de Glen Evans é algo como que uma máquina de guerra perfeita e precisa, com viradas inteligentes muito bem encaixadas nas bases. As letras retratam bem a realidade da época com a famosa e famigerada Guerra Fria, a hipótese da terceira guerra mundial, o holocausto nuclear e todo aquele papo de fim do mundo, radiação e tudo o mais. Mesmo o tema sendo datado, este disco musicalmente continua atual, eterno e maravilhoso.

7 – METALLICA – Master Of Puppets

Qualquer um dos três primeiros disco do METALLICA poderiam entrar nesta lista de igual para igual com Master of Puppets, mas este é sem dúvida um disco diferenciado dos demais, por diversos motivos. A banda já era grande pra gigante, os caras já embolsavam uma boa grana, tocavam em festivais, os maiores do planeta, e mesmo assim preservavam a integridade da banda. Continuavam a boa e promissora banda Thrash Metal. Vários mitos sobre a banda persistiam, como as declarações de que nunca gravariam clips para a MTV, que não tinham planos para o futuro, apenas bebiam e tocavam. O visual era o clássico jeans surrado e camisetas velhas. E este disco foi o ultimo com o grande e inesquecível Cliff Burton. Musicalmente é um disco diferenciado dos demais, mas não sendo nem uma menção ao que seria lançado anos após com And Justice For All. Costumo dizer que Master Of Puppets é o disco mais escroto do METALLICA, e o melhor também, justamente por sua linha diferente de tudo o que vinham fazendo e fariam dali para frente. Olhando a contra-capa deste disco podemos ver claramente que eles não precisavam fazer com a banda, com eles mesmos e com os fãs o que fariam nos anos seguintes. Eles já arrastavam multidões de fãs fieis e alucinados pelo simples mencionar do nome da banda. Eles cresceram fazendo Thrash Metal, ficaram ricos neste estilo, não precisavam mudar. Seria Cliff Burton o “freio de mão” para as bobagens megalomaníacas dos demais membros? E com sua morte a “porralouquisse” tomou forma da mais promiscua festa da uva dentro da banda? Podemos sentir isso ouvindo e vendo o disco seguinte, o bom And Justice For All, daí em diante é o mais puro carnaval em forma de Rock ruim. Seria bom se a imagem que tivéssemos da banda fosse as fotos da época de Master Of Puppets, como aquela foto em que eles estão em frente à uma casa em ruínas e de costas.

8 – CARCASS – Reek Of Putrefaction

Um disco incompreendido na época e hoje totalmente cult. A gravação é horrível, os solos são pobres se comparados aos que sairiam em discos como Heartwork e Swansong, mas o que vale e muito aqui é a atitude, a irreverência, a podridão da capa. Então como ser tudo isso e ter um som limpinho, cristalizado? Reek Of Putrefaction tinha que ser escarrado e cuspido no mundo como foi. Reek Of... recebera a classificação de Grind Core, e do disco seguinte em diante (Symphonie Of Sickness), a banda receberia o estilo eath Metal em reveistas e material promocional. Um erro dos envolvidos com a banda, pois os próprios membros nunca se disseram nem um nem outro, sempre fizeram música pesada, sem rótulos. E esse foi o golpe de mestre dos caras, pois assim puderam evoluir dentro do que se propunham que era fazer música. Quem ouviu Reek Of Putrefaction e depois ouve Swansong não acredita que se trata da mesma banda, mas se ouvir todos numa seqüência notará uma evolução em todos os sentidos. Mas o disco em questão revolucionou o mundo da música extrema. Gerou o mais podre e repulsivo estilo no meio. Depois de “Reek Of...” um monte de capa com fotos de pessoas mortas, fraturas expostas, sangue, feridas abertas, carne, veias, etc... Surgia o Splatter, com nomes como PUNGENT STENCH, PATHOLOGIC NOISE, INTENSING AGONISING, FLESH GRINDER, etc...

9 – AC/DC – Back In Black

Já ouvi muita reclamação de muita gente quando digo que prefiro a fase Brian Johnson à fase Bon Scoth. Mas que argumento melhor posso ter para defender minha preferencia do que a de que o melhor disco do AC/DC é justamente o primeiro com Brian Johnson?
Após Back in Black a banda ficou mais pesada, mais Heavy Metal até. Os solos são muito melhores, as bases que foram desenvolvidas no Back in Black e nos discos posteriores são muito melhores do que na fase Bon Scoth. A banda deixou de lado a pegada mais Blues e tambem se tornou um gigante da música mundial, com turnês disputadissimas.
Se o AC/DC era uma banda admirada por muitos fãs pelo Mundo afora, com Back in Black a banda se tornou uma referencia musical, independente dos estilos. Tanto que artistas dos mais variados estilos tocaram covers da banda nas suas respectivas vertentes.
É bom deixar claro que sou fã de Bon Scoth e de sua fase. Grandes e incomparáveis clássicos surgiram com sua voz. O que defendo é o crescimento em todos os sentidos da AC/DC na fase pós Back in Black/Brian Johson.
Não é àtoa que todo ano Back in Black é relançado em CD e outros formatos e as vendas são astronômicas, as cópias se esgotam no Mundo todo. É um dos discos mais vendidos da história, ficando à frente de muitos medalhões do meio Pop. Com tudo isso, Back in Black é definitivamente o disco mais importante na historia da AC/DC e um dos mais conceituados da historia da música mundial.

10 – SLAYER – Reign In Blood
Para mim o primeiro disco de musica extrema. Uma referencia em termos de brutalidade e explosao musical e lírica. Quantos discos tiveram uma turnê mundial para tocá-lo na íntegra (Still Reigning - 2004)?
Quando se pergunta à qualquer fã do Slayer, o que ele diz de Reing in Blood, a resposta é praticamente sempre a mesma: SSSSLAAAAAAAAAAAYYYYEEEERRRRRRR!!!
É um disco que realmente mexe com os nervos de qualquer fã de música pesada, de qualquer apreciador de uma boa brutalidade em forma de música. Um disco excencial a qualquer coleção, um marco no desenvolvimento da música extrema mundial. Nas pesquisas em várias revistas e sites, Blogs e demais veiculos, Reing in Blood está sempre um dos discos mais ouvidos e sempre mencionados pelos entrevistados. Isso se falando de ouvintes de Heavy, Thrash, Death, Black Metal.
Não há como destacar um ou outro som nesse disco, a obra completa é um presente aos ouvidos. Mas a última faixa é a trilha sonora da entrada do Inferno. Mesmo uma banda qualquer tocando um cover de Reigning Blood gera uma comoção praticamente geral no público presente, basta as microfonias nos amplificadores começar, seguida das marcações na bateria para dar início às mais enfusivas manifestações de adoração e devoção do público à banda americana, e é como se eles mesmo estiverem no palco. O público parece esquecer que no palco está apenas uma banda tocando um cover, e passarm a vislumbrar Tom, Jeff, King e Lombardo. É o transe que a Diabolous in Musica do Slayer causa nos admiradores. E Reing in Blood é o expoente maior para esse estado de transe total.

11 – DEATH – Leprosy
Confesso que fiquei na dúvida se incluia o primeiro lançamendo do Death, Screaming Blood Gore, ou o Leprosy, seu segundo.
Se Screaming... tem sua importancia por ter sido o disco que divide o peso e responsabilidade de ser o precursor do Death Metal junto com o Seven Churches, da Possessed, Leprosy torna o Death uma banda cultuada no Mundo todo, os leva a turnês cada vez mais distantes de sua terra natal.
É em Leprosy que Chuck Schuldiner toma a sua decisão mais acertada, que é a de ter o Death como sua banda e trabalhar com músicos contratados. Isso depois de desavenças musicais e ideológicas com seus companheiros na época, principalmente Rick Ross. Decisão que se arrasta até o disco seguinte, Spiritual Healing, em que já não contava com Rick Ross na gutiarra solo e com o onipresente James Murphy.
Tenho Leprosy como um marco na vida breve e vitoriosa da banda. Disco 100% clássico. Mas o último em que Chuck utiliza dos temas Gore em suas letras e arte. Foi a época de amadurecimento do gênio chamado Chuck Schuldiner. Dali por diante o Death se tornaria um nome frequente no meio musical, orientando e influenciando tudo o que se originaria na sequencia em termos de Underground, Death Metal e se estendendo para outros estilos, como o Grind Core.

12 – SEPULTURA – Schizophrenia
Um marco na música brasileira. O disco em que o Sepultura pegou nome no cenário nacional e começava a despontar para o Mundo. No lançamento de Schizophrenia o Sepultura chegou a tocar com Venom, Exiter. E foi quando o guitarrrista Andreas Kisser fora integrado à banda, no lugar de Jairo Guedes.
A evolução musical da banda dos dois primeiros discos (Bestial Devastation e Morbid Vision) para Schizophrenia é gritante. A inclusão de Andreas foi determinante para essa evolução.
Mesmo com toda sua importancia, Schizophrenia é um disco de certa forma esquecido por muitos fãs. Noto que uma parcela de fãs do Sepultura idolatram o slpit com a Overdose (Bestial Devastaion) e seu primeiro disco, Morbid Visions. Outra léva de fãs idolatram Beneath The Remains e Arise. E há os fãs da época Chaos AD pra cá.
Essas divisões só fazem do Sepultura uma banda que em sua carreira consegue ser importante de alguma maneira.
Mas, sem Schizophrenia e a crescente que esse lançamento trouxe, certamente Max não teria feito a famosa viagem disfarçado para os EUA e fazer a história que hoje tem.

13- SEPULTURA -Beneath The Reamains
Com Beneath The Remains a Sepultura se torna o ícone mundial que é. Se torna o maior nome da música brasileira no planeta. Vira referencia e influencia pra 99% das novas bandas de Metal Mundo àfora. Clássicos absolutos e eternos são apresentados nesse sensacional disco. Chegam ao ápice de sua criação. Detonam em turnês cada vez mais estensas e abrangendo lugares nunca antes imaginados por alguma banda de Metal. Batem recordes de vendas de discos em todas as listas de avaliação. Levam o nome do Brasil aos quatro cantos do mundo, tocando pra multidões ávidas por sua música.
Lembro de uma comentário, na época em que quando se falava em Brasil os nomes que vinha à mente dos gringos eram Pelé, Amazonia e Sepultura. Alguem pode até não gostar de Mdetal, Rock 'n' Roll num geral, pode até achar a música do Sepultura um barulho desgraçado, mas não reconhecer a sua importancia para o música brasileira é no mínimo desconhecimento de música e do planeta em que vive. Nunca Tom Jobim Caetano Veloso, Gal Costa, Ivete Sangalo, Claudia Leite e esses aí fizeram ou farão turnês mundiais com ingressos esgotados em todos os shows, isso dia após dia. Nunca esss nomes fizeram mais que alguns meros shows minguados fora do Brasil, e na sua maioria em festivais. O Sepultura chegou ao patamar de gigantes como MetallicA, Slayer, Megadeth, Iron Maiden, KISS, AC/DC, etc...
Goste ou não goste, torça ou não seu nariz, essa é a realidade, é fato!

14 – AGATHOCLES – Theatric Simbolisation Of Live
Disco que orientou toda uma cena Grind Core mundial. Lançado no Brasil em vinil duplo, pela Hellion Rec., Theatric... é um disco importantíssimo para mostrar que o Grind Core não era só Napalm Death e seus projetos paralelos, existia outra cena rolando.
O Agathocles mostrou em toda sua trajetoria que pode-se ser Underground e tomar conta do planeta. Lançando uma ininidade de material em todos os formatos imagináveis e disponíveis a banda belga faz parte das listas de todos apreciadores de música exterma mais puxada para o Hard Core e o Punk. Também reforçou de maneira consistente os principios Anarqusitas no meio. Espandiu o comportamento de Do It Yourself (Faça Voce Mesmo), e abriu o interesse em muita gente em lançar gravadoras nanicas e extremamente Undergrounds, especializadas em bandas desconhecidas do grande publico. Todo mundo queria ter um split 'alguma coisa' com o Agathocles.
Se para muitos o terceiro CD da banda é seu melhor lançamento, esse primeiro é de suma importancia pelo que causou no meio Underground na época. Compilando faixas inéditas no inicio do CD, e um LP, no caso do duplo brasileiro, e outro restante do CD e o segundo LP brasileiro, com seus primeiros splits e lançamentos, Theatric... tras uma possibilidade também para as bandas pequenas. Coisa antes feita só por medalhões da música.


15 – ROT – Cruel Face Of Live
Essa banda em sua essencia tem importancia tremenda para o cenário Underground brasileiro. A Rot surgiu e orientou todo um cenário distorcido e perdido, dominado por um estilo que praticamente só existiu no Brail, o Satanic Grind Core. A Rot veio dizendo que o Grnd Core provem do Hard Core, e o Hard Core do Punk. Não tinha nada a ver misturar o satanismo de umas vertentes do Metal com os contextos e musicalidade do Punk e Grind Core.
Primeiro CD de uma banda brasileira legitimamente Grind Core, Cruel... tras letras de cunho filosófico, sarcastico, irônico, de protesto ferrado e apresentando uma arte subjetiva, o que se tornou marca na carreira dessa banda influente.

16 – IMPETIGO – Ultimo Mondo Cannibale

Claramente influenciados por bandas como Death, Necrophagia, os filhos de Ohio e comedores de queijo, lançam um disco que seria um marco na constituição do cenário Gore no meio mais Underground. O Impetigo saia do som mais Punk Rock, para uma pegada mais obscura e mórbida. Cheio de vinhetas e passagens de filmes de terror B, Ultimo Mondo... virou referencia para omeio Gore mundial, uma infiidade de bandas utilizaram dos mesmos recursos, em alguns casos até esquecendo um pouco de incluir músicas, e se prendendo mais em partes de filmes em seus lançamentos. O Impetigo soube muito bem como dosar esse recurso.
Vejo que se de um lado tivemos o Carcass com Reek Of Putrefaction e Symphony Of Sickness, também tivemos num patamar mais Cult e calcado no contexto de zumbis, monstros e seguindo a linha de filmes de horror de qualidade duvidosa, o grande Impetigo.

17 – GODFLESH – Street Cleaner
Esse é um disco que mudou todo um andamento da música feita até então. Justin Broadrick, havia deixado o Napalm Death, e seguindo o que todos ex membros do N.D., fundou uma banda com sonoridade totalmente diferente da sua ex banda.
Street Cleaner traz uma maneira de fazer o Industrial que acabou influenciando até mesmo a ex banda de Justin com o passar do tempo. Muitas bandas adquiriram elementos minimalistas e barulhentos desenvolvidos pelo Godflesh. Sendo esse fortemente influenciado por bandas como Sisters of Mercy e outras, a Godflesh foi um impacto para o cenário de então. A grande maioria das bandas emergentes até então se dizeiam 'alguma coisa' Industrial, ou Industrial 'alguma coisa'.
Não sei se por influencia do meio da época, originado certamente por Street Cleaner, mas algumas bandas surgem fazendo sons no estilo, como a Ministry, Skinny Puppy e até Fear Factory, Treponem Pal e Candiru. Até Jello Biafra se rende à pegada Industrial no projeto junto com o Ministry, chamado Lard.
Alguem pode até dizer que muitas dessas bandas nãot em nada a ver com o som do Godflesh,e até concordo, mas o que comento aqui é a importancia do lançamento em questão, e dele por diante as mudanças do meio musical mais Underground.
18 – PINK FLOYD – The Wall

19 - FEAR FACTORY - Dehumanufactory